A Boeing tinha percebido, nos anos 60, que o mercado ia querer algo que cobrisse rotas médias levando um monte de passageiros. Senta Que Lá vem História especial.

No final da década de 50, a Boeing estava prestes a lançar o avião 707 e percebeu que com o rápido crescimento que havia atingido o mercado das viagens aéreas, com os passageiros se multiplicando em número maior do que a capacidade dos aviões de transportálos, os aviões deveriam ser maiores. Mas aviões maiores demandam aeroportos maiores e isso é uma mudança demorada, portanto o mercado iria demandar aviões de grande capacidade, que tivessem alcance para viagens curtas e médias e que pudessem utilizar a infraestrutura aeroportuária existente. Em fevereiro de 1956 a Boeing começou a estudar o mercado e a pensar em um novo avião.

O time de projetos da Boeing chefiados por Jack Steiner passou três anos examinando 65 desenhos com diversas configurações de motores, enflechamento das asas e inclusive uma cauda em V. A Boeing estimou que o mercado necessitava de aproximadamente 300 aviões desse tipo e precisaria vender pelo menos 200 para pagar o custo do projeto. Já que não era um número muito grande tentou utilizar o maior número possível de componentes iguais do 707 para reduzir custos. Uma curiosidade: embora pareça igual, a fuselagem do Boeing 727 é menor que a do 707 na parte de baixo por necessitar levar menos carga em voos mais curtos.

Um dos pontos mais importantes para o sucesso do novo avião foi o desenho de uma asa que garantisse a performance necessária, como velocidades baixas de pouso e decolagem, para operação em pequenos aeroportos, e altas velocidades de cruzeiro, com baixa altitude. O sucesso ou o fracasso de todo o projeto iria depender do desenho da sua asa, então a Boeing iniciou então o desenvolvimento de uma super asa que tivesse estas características. Uma vez que a eficiência dessa asa seria um fator primordial para o novo avião, a instalação de motores debaixo delas prejudicaria muito essa eficiência, então instalar os motores na cauda deixando a asa limpa parecia ser a melhor solução.

Três características marcantes no projeto que facilitaram a operação em locais com pouca infraestrutura e pista curta foram a instalação de uma escada ventral na cauda como a do Caravelle, a instalação de reversores nos motores e também foi o primeiro avião da Boeing a ter uma unidade auxiliar de força ou APU em inglês que funcionava apenas em solo e permitia a geração de energia elétrica, o funcionamento do ar condicionado e partida dos motores sem auxílio externo. Se é pra operar em qualquer lugar, então tem que ser auto suficiente!
Apesar do tempo e esforço despendido na definição do que viria a ser o novo avião , o projeto do Boeing 727 ainda dependia de uma decisão final da Boeing para seguir em frente. O início da fabricação e a certificação dependiam de um número suficiente de compradores interessados. A United Airlines demonstrou grande interesse desde as fases iniciais de estudo do 727 e suas necessidades tiveram considerável influência no resultado final do projeto. A Eastern Air Lines era outro cliente potencial e destas duas empresas a Boeing esperava 80 encomendas.


Em agosto de 1960 Bill Allen, o presidente da Boeing deu o sinal verde para a construção do 727, agora dá um play pra eu te contar sobre o primeiro voo do Boeing 727.

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