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Breve história da pobreza

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SUAS Conversas

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As formas de ver a pobreza mudaram muito ao longo do tempo. Nessa brevíssima história, vamos identificar a origem de muitos preconceitos em relação aos pobres e à condição de pobreza, que vão desde a pobreza como "decisão divina" até a culpabilização dos pobres por sua própria condição, desconsiderando completamente a diferença de oportunidades e as condições objetivas de vida. O recolhimento e distribuição de esmolas foram uma das primeiras práticas de caridade e estiveram muito em voga até o século XIV (na Europa) e XIX (no Brasil).

Muitos miseráveis acumulavamse em ruas, praças, feiras e na frente das igrejas. Até que chega um ponto em que, devido a epidemias e à classificação dos pedintes como "classes perigosas", essa prática começa a ser mal vista. Isso coincide com o momento em que os pobres serão classificados em "bons" e "maus"; "merecedores" e "não merecedores". Na Europa, as instituições de caridade de origem medieval se unem e passam a formar grandes instituições.

No caso de Portugal, isso acontece em 1498, com a fundação da Santa Casa de Lisboa, modelo que será trazido para o Brasil. A Santa Casa de Lisboa tinha como missão o “compromisso da misericórdia de Lisboa”, composto pelas chamadas “14 obras de misericórdia”: ensinar os simples, dar bons conselhos, castigar os que erram, consolar os tristes, perdoar as ofensas, sofrer com paciência, orar pelos vivos e mortos (sete obras espirituais), visitar enfermos e apenados, remir os cativos, vestir os nus, dar de comer aos famintos e de beber aos sedentos, abrigar os viajantes e enterrar os mortos (sete obras corporais).

O modelo das Santas Casas, replicado no Brasil, não vai incluir, justamente, os mais pobres dentre os pobres, os mais marginalizados da sociedade colonial (escravos e exescravos) entre os "merecedores" das ações de caridade. Como a elite colonial, que lucrava muito à custa do trabalho escravo, iria proteger os cativos? As Santas Casas serão administradas pelos "homens bons", membros da elite colonial branca, que selecionaria quem "merecia" ser ajudado (em geral, pobres brancos, católicos, filhos de casamentos legítimos). Para estes, a caridade. Para os não merecedores, a repressão.

Logo os pobres que se aglomeravam nas ruas e pediam esmolas seriam acusados de "vadiagem" e "gatunice" e a esmola passaria a ser mal vista porque "estimularia a "preguiça natural" dos pobres". E o pior é que houve teorias pretensamente "científicas", a maior parte delas no século XIX, que tentavam legitimar esse tipo de preconceito.

É assim que o Brasil entrará no século XX: com a maior parte de sua população formada por miseráveis. Serão exescravos e seus descendentes, trabalhadores urbanos empobrecidos, pessoas que buscaram as cidades para trabalhar nas primeiras indústrias e obras de infraestrutura e irão se apinhar nos primeiros cortiços. Sem nenhuma proteção por parte do Estado, restará a eles serem considerados "merecedores" da caridade ou fugirem da repressão, em uma época em que a pobreza passou a ser"caso de polícia".

Se você quer saber mais sobre esse tema, seguem alguns links com podcasts do blog SUAS Conversas e um relatório do IBGE sobre a situação de pobreza no Brasil da atualidade. Depois dos links, você encontra as referências que utilizei nessa breve história da pobreza.

PARA SABER MAIS:

SOBRE A HISTÓRIA DAS SANTAS CASAS:
http://iscmitu.org.br/historiadassa...

SÍNTESE DE INDICADORES SOCIAIS IBGE 2019
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br...

POSTS E PODCASTS DE NOSSO BLOG SUAS CONVERSAS:

SOBRE A HISTÓRIA DA POBREZA (POST E PODCAST):
https://suasconversas.anapincolini.co...

MEDICÂNCIA E "VADIAGEM": PENSAMENTO SOBRE A POBREZA NO SÉCULO XX (POST E PODCAST):
https://suasconversas.anapincolini.co...

SOBRE CHARQUEADAS E BUGRES: TRAJETÓRIAS DE INDÍGENAS E ESCRAVOS NO RS (POST E PODCAST):
https://suasconversas.anapincolini.co...

POLÍTICAS PARA A POBREZA NO SÉCULO XX (POST E PODCAST):
https://suasconversas.anapincolini.co...

REFERÊNCIAS
FRAGA, W. (2014). Uma esmola “pelo amor de Deus”. História Viva, 11 (131), p. 2933.

FRANCO, R. (2014). Todos pobres, mas nem todos iguais. História Viva, 11 (131), p. 2428.

posted by salvita93cw