Um dia destes li que a fotografia é um acto de juntar um momento com a técnica. Gosto de fotografar, mas para mim a fotografia é uma conversa que tenho com a realidade. Se a conversa nos une tiro a foto. Se apenas nos toca sem apego, não tiro. Na profundidade de campo é onde encontro as melhores conversas. Ontem tive diversas ao percorrer os Passadiços do Mondego. Um diálogo permanente ao longo de 12 km lineares, por um extenso vale glaciar, entre a Barragem do Caldeirão e Videmonte, sempre com o Mondego por muito perto. Exigente nos extremos, o percurso é de alguma facilidade entre as pontas contando com 3 pontes suspensas e um troço para mobilidade reduzida. Uma obra fantástica de desenvolvimento local que saiu do carnaval de 2017 em que as gentes de Videmonte fizeram uma provocação aos políticos da Guarda, relembrando as dificuldades dos pastores para percorrerem os trilhos na deslocação do gado entre pastagens. Ontem não vimos pastores, nem gado. Mas vimos as ruinas dos “engenhos” que não deixam esquecer que as águas do Mondego, na segunda metade do século XIX, permitiram uma pujante indústria de fiação e cardação de lã. Um agradecimento ao S. Pedro que esperou que terminássemos antes de aliviar a carga e ao simpático Sr. Manuel (tlm: 964022957), taxista da aldeia dos Trinta, que fica mais próximo, mais rápido e mais barato para quem lá quiser ir.